domingo, 26 de fevereiro de 2012

Azeite de oliva contra a osteoporose

Guarde bem este nome: oleuropeína. A substância, encontrada no azeite de
oliva extravirgem, é a nova arma da nutrição para evitar e combater a
osteoporose, doença que acelera a perda de massa óssea.



O cálcio que se cuide, porque seu posto solitário de melhor companheiro do
esqueleto anda ameaçado. Calma, o mineral não vai perder seu lugar de
destaque como protetor dos ossos — muito longe disso. A questão é que a
ciência descobre fortes concorrentes para dividir com ele essa prestigiada
posição. É o caso da oleuropeína, presente no azeite de oliva. Um estudo da
Universidade de Córdoba, na Espanha, revela que esse tipo de polifenol
aumenta a quantidade de osteoblastos, células que fabricam osso novinho em
folha. Consumi-la , portanto, traria imensas vantagens para manter o
arcabouço do corpo em pé ao longo da vida.

“O tecido ósseo é dinâmico, destruído e construído constantemente”, explica
o geriatra Rodrigo Buksman, do Instituto Nacional de Traumatologia e
Ortopedia, em Brasília. Os osteoblastos ajudam justamente a realizar a
reconstrução. É como se fossem a massa corrida colocada na parede para tapar
os furos que aparecem com o tempo. Sem essas células, os buracos ficam
maiores, os ossos se enfraquecem e cresce o risco de fraturas. O
envelhecimento e a menopausa provocam uma queda na concentração de
osteoblastos no organismo. Daí a importância da reposição desses
construtores, que recebem um belo reforço com a inclusão do azeite de oliva
extravirgem no dia a dia, a melhor fonte de oleuropeína. “Aos 30 anos nosso
corpo atinge a quantidade máxima de massa óssea e, a partir daí, começa a
perdê-la”, nota o ortopedista Gerson Bauer, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz,
em São Paulo. Por isso é que se diz que a prevenção da osteoporose se inicia
muito antes da maturidade. “Essa doença se caracteriza pela diminuição
progressiva da densidade óssea, o que torna os ossos mais frágeis e
propensos às fraturas”, arremata a nutricionista Clarisse Zanette, mestre em
ciências médicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Com o
azeite, no mínimo, esse processo destrutivo demora mais tempo para ocorrer.
E, se alguém quiser substituir sua fonte de oleuropeína de vez em quando,
saiba que existe mais uma opção. “A substância também é fornecida pela
azeitona, de onde o óleo é extraído”, diz Clarisse.

Não são apenas os ossos que se deliciam quando saboreamos um prato regado a
azeite. O coração também se beneficia, porque suas veias e artérias ficam
livres de entraves. “A gordura monoinsaturada, principal constituinte do
óleo, interfere nos receptores do fígado que captam o colesterol circulante”,
explica o cardiologista Daniel Magnoni, do Hospital do Coração, em São
Paulo. “Assim, há uma redução nas taxas da sua versão ruim, bem como de sua
quantidade total.” Já os compostos fenólicos do azeite diminuem a oxidação
do colesterol, processo crucial para a formação das placas que obstruem as
artérias e causam as doenças cardiovasculares. “Esse poder se deve à sua
intensa atividade antioxidante”, justifica a cardiologista Paula Spirito, do
Hospital Copa D’Or, no Rio de Janeiro. “Esses compostos impedem que os
radicais livres — moléculas que provocam danos às células — oxidem o
colesterol e contribuam com o aparecimento de placas nos vasos.” A
circunferência abdominal é outra que agradece o consumo do azeite. É que o
alimento ajuda a evitar a inflamação de uma área do cérebro chamada
hipotálamo. A inflamação é provocada por dietas ricas em gorduras saturadas,
presentes nas carnes e nos produtos de origem animal. Como o hipotálamo é o
órgão responsável pelo controle da fome e do gasto energético, não é um
exagero dizer que o óleo de oliva auxilia a manter a harmonia na massa
cinzenta e, assim, a afastar os quilos a mais. Além disso, ele acelera a
produção de um hormônio chamado GLP 1, que age no cérebro aumentando a
saciedade e reduzindo o apetite.


A oleuropeína — voltamos a falar dela — tem participação no pelotão
antiinflamatório. “Esse polifenol tem propriedades antioxidantes
significativas, inibe a agregação de plaquetas e reduz a formação de
moléculas inflamatórias em todo o corpo”, afirma a nutricionista Mércia
Mattos, da Faculdade de Medicina de Marília, no interior paulista. Tantas
propriedades se refletiriam em um menor risco de uma porção de males, entre
eles infartos e derrames. Por falar em proteção, vale destacar, ainda, que
esse antioxidante também resguarda as mitocôndrias, estruturas dentro das
células responsáveis pela obtenção de energia — dessa forma, fica mais
difícil uma célula se aposentar antes da hora.

Quando regamos o prato com azeite extravirgem, porém, não ganhamos apenas
boas doses de oleuropeína. O tempero é uma ótima fonte de vitamina E. “Esse
nutriente retarda o envelhecimento das células, diminuindo o risco de
tumores e doenças do coração”, aponta a nutricionista Soraia Abuchaim, do
Conselho Regional de Nutricionistas do Rio Grande do Sul. O melhor é que,
para desfrutar de tudo isso, bastam 2 colheres por dia. Mas tem que ser do
tipo extravirgem, que concentra maiores teores da substância. De
preferência, use-o em saladas e ao finalizar pratos quentes — o azeite não
gosta de calor e, se for lançado ao fogo, perde grande parte de suas
qualidades. E só o sabor, nesse caso, não basta, certo?

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